NÃO JOGA POR TERROR

Quando a coisa costuma apertar, parte da torcida do Corinthians tem o hábito de pegar no pé de alguns jogadores e gritar a célebre ameaça: “Se não joga por amor, joga por terror”. Pois bem. Com Paolo Guerrero, não vai funcionar dessa maneira.
Devido a esse temor, inclusive, o atacante peruano, principal artilheiro estrangeiro da história do clube (54 gols), não vai mais vestir a camisa do Timão. Já está fora do jogo contra o Palmeiras, no domingo. Nem sequer terá uma despedida.
A decisão foi tomada ontem e teve influência de todos os lados. A versão oficial, divulgada pela diretoria do clube, é de que agentes do atleta pediram a liberação antecipada dele, dizendo que estaria “desconfortável” no Corinthians. Na sequência, uma reunião entre  os cartolas e a comissão técnica definiu que era melhor, mesmo, não contar mais com ele. 
 Por outro lado, existia uma preocupação muito grande de que, se entrasse em campo para encarar o arquirrival, em Itaquera, parte da torcida pegaria no pé dele e o ofenderia.
O que, bem ou mal, até já vem acontecendo. Domingo passado, após o empate com o Fluminense, no Rio, cinco membros de organizadas foram ao aeroporto dizer que Guerrero era “mercenário”. O atleta ficou assustado. E teme, de fato, que outras ameaças possam aparecer caso ele volte a se encontrar com fanáticos pelo Timão.
“Decidimos pela liberação do atleta porque queríamos ele com a cabeça aqui (no Corinthians), 100% envolvido. Foi um pedido do jogador, e acatamos. Queremos os atletas de corpo e alma no clube”, explicou Edu Gaspar, gerente de futebol do Alvinegro, ontem.

Ponte aérea/ O destino de Guerrero deverá, mesmo, ser o Flamengo. Faltam detalhes para que o contrato seja assinado. O principal ponto, o pagamento de R$ 12 milhões em luvas, está quase acertado. O centroavante teria aceitado receber parte desse valor diluído no salário, com o que não concordou durante as negociações de renovação com o Corinthians.
O sonho da diretoria rubro-negra é anunciá-lo antes mesmo da Copa América, que vai começar em 11 de junho.