Educação não deve se basear em punição, mas em tornar claro para a criança que seus atos têm consequências
Se antigamente o castigo era visto como requisito básico para alcançar a boa disciplina, hoje é item quase proibido quando o tema é educação. Os especialistas acreditam que é fundamental dar limites, orientar e fazer a criança perceber que suas atitudes produzem reações. E se o comportamento não for legal, a consequência também não vai ser. Já as mães mostram que, embora a palavra em si tenha ficado associada a técnicas violentas e antiquadas, castigo ainda existe, mas com outro nome – e muito diálogo. Os adultos não devem ‘castigar’ e sim ‘educar’, levar a criança a uma reflexão sobre o resultado dos seus atos. Se os pais observam, pontuam o que está errado e dão limite, não vão precisar dar castigo. É importante mostrar que cada ato provoca algo em mim, no meio e na própria criança. Sozinha, uma criança pequena não tem condições de rever o que houve e chegar à conclusão de que não agiu certo.
Mudança de foco
Se os pais vêm uma atitude errada da criança, não precisam bater nem gritar. Cris Poli sugere que eles interrompam a ação e coloquem a criança sentada em um cantinho predeterminado, que pode ser o degrau de uma escada ou um tapetinho. A intenção é que ela pare e pense sobre o que está acontecendo.
Especialistas recomendam sugere um minuto no cantinho para cada ano de vida da criança. Assim, se a criança tem três anos, ela deverá ficar três minutos pensando no que fez de errado. O objetivo não é castigar por castigar e sim levar a criança a um raciocínio. Conforme a criança vai crescendo, o cantinho da disciplina já não faz mais sentido, pois ela se acostuma a entender as consequências de seus atos. Aí, deixar sem TV ou videogame pode ser uma boa medida. Mas novamente, a criança deve entender claramente que estas privações são consequência de suas atitudes. Não é a mãe que deixa sem TV, mas a conduta ruim da própria criança. É preciso mudar o foco. Sempre que possível, a criança deve ser envolvida na remediação do seu ato. Se ela riscou a parede, deve ajudar o adulto a limpá-la.
Funciona?
Não há dúvida de que castigo funciona, mas não é necessariamente a melhor forma de ter uma relação de respeito com os filhos. Eu prefiro confiar que a criança seja inteiramente capaz de fazer o que é pedido e depois esperar até que ela perceba que não têm outra opção senão fazer o que é dito.
Algumas crianças ficam muito ressentidas de serem castigadas. Por isso ela prefere deixar que elas resolvam os conflitos internamente e não briguem com os pais. Para outro especialista pior do que o castigo é a ameaça, geralmente não cumprida ou afrouxada no meio do caminho. Hoje os pais trabalham longas horas fora de casa e sentem uma culpa enorme de dizer ‘não’. Deixam de castigo, mas ficam com pena. O limite de até onde a criança pode ir tem que estar claro, assim com suas consequências. Por isso, os pais devem propor algo que possam cumprir. Uma semana sem computador é difícil de manter? Diminua para dois dias, mas cumpra o prometido.
E o mais importante: quem decide as regras são os pais, e não a criança. Os mundos dos adultos e das crianças não podem se misturar. Essa divisão vai ajudar, inclusive, na hora de reforçar a autoridade do adulto. A falta de parâmetros e de “nãos” pode criar problemas no futuro. As crianças viram jovens incapazes de aceitar frustrações e não respeitam hierarquias, atrapalhando as relações no trabalho, onde não há tanta flexibilidade como em casa. Para ajudar seu filho, faça com que as regras sejam cumpridas.