"No forró dos marajás do PSDB, a militância deve engolir mais um sapo"
Divaldo Rosa
E enquanto isso no ninho tucano...cresce novamente a possibilidade de José Serra ser o candidato dos tucanos para a prefeitura da capital, só que desta vez esta novela parece estar vivendo o seu desfecho melancólico motivado pela possibilidade de perda de sua valorosa aliança($$$$$$$$) e seu fiel escudeiro Gilberto Kassab. Ou seja, a aproximação do poderoso chefão da política nacional, Lula o presidente (ex?) com o prefeito Kassab, comandante da poderosa máquina política e administrativa de São Paulo, que segundo os “entendidos” tem bilhões pra jorrar nas eleições municipais deste ano, obriga José Serra a rever os seus planos e a se colocar à disposição do partido para o pleito municipal, atitude esta que alivia a pressão que vinha sendo exercida pelo prefeito e presidente do PSD (partido criado recentemente por Kassab).
O governador Geraldo Alckmin que já vinha acusando o golpe desferido pelo partido mencionado, que insiste em candidatura própria em caso de aliança com os tucanos sem o Serra na cabeça da chapa, procura uma saída honrosa que ao mesmo tempo o livre do desastre de uma aliança entre Lula e Kassab, poupe os pré-candidatos do partido (Andréa Matarazzo, Bruno Covas, José Aníbal e Tripoli) de um grande desgaste e ainda consiga manter a auto-estima elevada da militância partidária, que há alguns meses vem se mobilizando para as prévias de março, acreditando ter chegado a hora das bases decidirem o seu futuro numa verdadeira lição de democracia partidária.
Essa “saída honrosa” seria um final feliz para todos caciques (Alckmin, Serra e Kassab), menos para a militância tucana que chegou a acreditar que um dia iria ter o direito de escolha de seus candidatos em prévias democráticas. O outro perdedor seria o cacique Lula com seu protegido Haddad, que chegou a confundir o Itaim Paulista (bairro pobre da periferia da zona leste com o Itaim Bibi, bairro da elite paulistana da zona sul), bem como o PT e seu sonho de voltar a dar as cartas na mais importante cidade da América Latina.
A operação “desmonte das prévias” já está em plena operacionalização pelos secretários do governo Alckmin como Júlio Semeghini, Edson Aparecido e Silvio Torres, além do ex-governador Goldman e correndo por fora, mas com muito peso, o prefeito Kassab. Todos sabem que este é um jogo de cartas marcadas já que se trata de uma disputa entre três secretários de estado e um deputado federal fundador do partido, que tem apenas os seus cargos como poder de barganha: os três secretários desistem de suas candidaturas no exato momento que perceberem uma clara sinalização do governador Alckmin, pois ganharam espaço na mídia por conta de um processo de prévias eleitorais “pra inglês ver” e não tiveram o desgaste natural de uma derrota.
O fator Trípoli
Diante de todo esse quadro resta saber como vai se comportar o pré-candidato Ricardo Trípoli que é deputado federal pelo PSDB e tem mais independência em relação ao governador por duas razões: não tem cargo de confiança no governo e é o único dos 4 pré-candidatos que cumpriu os pré-requisitos para participação nas prévias, registrando sua candidatura em tempo hábil com a assinaturas de mais de 10% dos delegados. Trípoli situa-se numa faixa própria, pois nem tem vínculo com o José Serra e tão pouco com o governador Geraldo Alckmin. Além disso, o deputado procurou todos os caciques do partido inclusive FHC, Serra e Alckmin pra mostrar o seu interesse pelas prévias e só depois de receber o “sinal verde” da cúpula tucana resolveu sair para o corpo a corpo com a militância, visitando todos diretórios da capital e fazendo diversas reuniões setoriais e regionais por mais de uma vez. Seu principal operador e articulador político é nada menos que o carismático Walter Feldman, um dos fundadores da legenda e atual deputado federal com fortes relações nas bases tucanas e que também possui entendimento político com o prefeito Kassab de quem é amigo pessoal e ex-secretário. Trípoli vem alardeando por onde passa que é o “fiador do processo das prévias”, pois registrou sua candidatura oficialmente com o apoio das bases, logo não tem porque retirá-la, nem mesmo para atender um clamor maior de unidade partidária em torno do Serra. Se Trípoli mantiver a sua candidatura às prévias como é o desejo da militância, restam três caminhos: o partido faz umas prévias “de araque” que vai custar a bagatela de meio milhão de reais e em seguida chama todos para um “acordão político”; o Serra se inscreve nas prévias em igualdade de condições com os demais correndo o risco de ser derrotado; e por último, os três secretários atendem a solicitação do governador e se retiram em favor do Serra que disputaria as prévias com o Trípoli, nesse caso sendo fácil prever o resultado. Mesmo assim para não frustrar a militância Trípoli poderá ir para a disputa, até porque, a essa altura do campeonato, não tem nada a perder, ganhando ou perdendo as prévias ele já é um vencedor. Ah, e só para não dizer que não mencionei, o pacto incondicional de José Serra e Kassab parece que já não é tão incondicional como outrora e Ricardo Trípoli está contando com o apoio de pessoas, partidos e militantes ligados ao prefeito, confirmando todo esse “imbróglio político” que eu vos relatei.
Divaldo Rosa é jornalista e diretor executivo do Grupo Acontece de Jornais e Revistas com 4 jornais e uma revista circulando gratuitamente na zona leste de São Paulo. Em 2011 o Grupo Acontece foi o maior vencedor do “Prêmio Gutenberg” da ACSP, com 4 veículos premiados.