Editorial - A JUSTIÇA É CEGA OU BURRA???


            Os casos mais famosos de crimes passionais julgados recentemente pela justiça, a saber: Jornalista Pimenta Neves (condenado a 19 anos ), Advogado Mizael (condenado a 20 anos), Goleiro Bruno(condenado a 22 anos) e Motoboy Lindemberg (condenado a 98 anos), me fazem lembrar de alguns ditados populares relacionados com a justiça que eu cresci ouvindo gente humilde do interior dizer, tais como: “A justiça tarda mas não falha”, “Da justiça o pobre só conhece o castigo”, “A justiça é cega mas sente cheiro de pobre”, “A corda sempre arrebenta para o lado mais fraco”.
Não é preciso ser advogado para olhar friamente esses casos e concluirmos que as vidas das mulheres assassinadas friamente e com requintes de crueldade (jornalista Sandra Gomide, Mércia Nakashima, Elisa Samudio e Eloá Pimentel) vão sair muito barato, porque pela lei brasileira os condenados não cumprem mais que 1/3 da pena em regime fechado, ou seja, Bruno e Mizael estão livres em menos de 6 anos, Pimenta Neves, estará livre nos próximos 2 ou 3 anos, pois completa 75 anos de idade, e o Lindemberg só vai ter liberdade daqui a 32 anos, quando estiver com 54 anos de idade.
Assim eu não consigo deixar de fazer a seguinte: o que diferencia os criminosos Pimenta Neves, Mizael e Bruno de Lindemberg Alves? Suas condições sociais e econômicas? Sim! Mas o que os diferencia mesmo é o olhar que a justiça brasileira teve para cada um deles em razão dos seus crimes. Nesses casos mais cega para os 3 primeiros do que para o motoboy Lindemberg, provando mais uma vez que a justiça não é tão deficiente visual quanto dizem.
E o pior disso tudo é que daqui para frente vão se multiplicar os Brunos, Mizaels e Pimenta Neves, pois a sensação de impunidade está no ar, depois dessas decisões infelizes da justiça brasileira. Que o diga o caso do promotor Thales Ferri Shoedi que matou um jovem e feriu outro em Bertioga, dando 6 tiros nos jovens universitários e foi absolvido, por unanimidade, depois de alegar legítima defesa e ser beneficiado pelo foro especial, pois permaneceu no cargo de promotor no período do julgamento. O caso mais recente é o acidente envolvendo um ciclista na Av. Paulista que teve o braço arrancado pelo veículo. O motorista de classe média negou socorro e ainda jogou o braço arrancado da vítima dentro de um rio a apenas alguns kilômetros do local.
O único sinal de mudanças de rumos do judiciário que tivemos nos últimos anos, foi a corajosa postura do Ministro Joaquim Barbosa, atual presidente do STF, que condenou a turma do “Mensalão”, a passar alguns anos na cadeia.
Divaldo Rosa
Presidente do Grupo Acontece de Jornais e Revistas